sábado, 25 de junho de 2011

PERDÃO




“Senhor, quantas vezes perdoarei ao meu irmão? Será sete vezes? Jesus respondeu: Eu não vos digo até sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.”
 
Jesus



Perdoar é um benefício que se faz a si próprio e à outra pessoa. É uma libertação para ambos. Neste processo, o passado é deixado para trás e a pessoa se permite viver uma vida nova a partir de então, muito mais saudável, leve, feliz e em paz. É dar a si próprio e ao outro uma nova oportunidade e permitir que a vida se transforme.
Existem muitas formas de enxergar as pessoas, o mundo, a vida e as reações de cada um. Cada um escolhe a forma como quer enxergar. É necessário colocar-se no lugar do outro e dar-se conta de que ele não é perfeito, assim como também nós não somos. Como exigir da outra pessoa algo que não temos: a perfeição?
Perdoar não é esquecer. Afinal, não se pode passar uma borracha em uma experiência e fazer de conta que não aconteceu. Perdoar não significa que aprovamos o comportamento negativo e destrutivo da outra pessoa. Muito menos fingir que está tudo bem quando, de fato, não está.
Por outro lado, remoer indefinidamente uma emoção negativa que alguém despertou em nós em algum momento do passado, faz com que “carreguemos” conosco aquela pessoa e aquele sentimento que, aos poucos, nos corrói e nos destrói. Quem não perdoa, adoece, perde a alegria e vive em função de sentimentos negativos, isto é, sentimentos que não são pró-ativos para a vida.
Cada pessoa é responsável pelo que pensa, sente e vive. Perdoar é deixar de se sentir vítima e passar a assumir a posição de criador da própria realidade. É uma escolha, uma decisão, uma atitude. É ver além dos limites da personalidade e reconhecer a Centelha Divina em cada pessoa. Quando mudamos a forma de ver as coisas, nossas emoções mudam e, consequentemente, também a nossa vida. Perdoar faz bem ao coração, à alma, e traz paz de espírito.
É verdade que quem está bem consigo mesmo não agride ninguém. Quando isso acontece é sinal que aquela pessoa não está no seu melhor equilíbrio. Mas quem não consegue perdoar tem também um sério problema que precisa ser assumido, para que possa ser cuidado e transformado. Neste caso, o problema não é do outro, é da pessoa que não consegue perdoar.
O outro, de alguma forma, sinaliza nossos pontos obscuros. Ele nos ajuda a fazer contato com aquilo de negativo que é nosso, a nossa sombra, rechaçada da nossa consciência. Os nossos adversários, de fato, estão dentro e não fora de nós. São as nossas dificuldades, nossos conflitos, nossas dores ocultas. Aquilo que não conseguimos reconhecer no dia a dia, mas que habita profundamente em nós.
Antes de escolher o perdão, precisamos fazer contato com a nossa raiva, tristeza e dor. Reconhecê-las, legitimá-las, acolhê-las. O primeiro passo para o perdão é deixar vir à tona toda a mágoa, todo o conteúdo guardado, todas as lembranças, permitir que os pensamentos e emoções se manifestem, falar sobre eles, chorar o que precisa ser chorado.
Elaborar toda a dor pode levar algum tempo, porém, só então, após compreender tudo que precisa ser compreendido, podemos estar prontos a optar pela cura através do perdão e pela transformação do que precisa ser transformado na nossa vida e na nossa relação com o outro.
Quantas vezes magoamos pessoas sem perceber ou querer? Como esperar perdão das nossas falhas, se não sabemos perdoar?
Muitas vezes, perdoar não é uma escolha fácil, porém, mais que possível, é necessária para a saúde e libertação de ambas as partes. Manter o apego a uma situação ou se desvencilhar dela é uma decisão pessoal pela qual cada pessoa precisa se responsabilizar. É uma decisão e uma atitude.