Eu chorei, mas não desejo que os demais chorem; mas se o
fizerem, agora sei o que isso significa. (...) É preciso que se libertem, não
por minha causa, mas apesar de mim. Toda esta vida e, especialmente nos últimos
meses, tenho lutado para ser livre – livre dos meus amigos, dos meus livros, de
minhas associações. Vocês devem lutar pela mesma liberdade. Deve haver uma
constante inquietação interior. Segurem um espelho constantemente à sua frente.
Se houver algo indigno que criaram para si mesmo, mudem-no. Não façam de mim
uma autoridade. Se eu me tornar uma autoridade para vocês, o que farão quando
eu partir? Alguns de vocês acreditam que eu possa lhe dar uma bebida que os
tornará livres, que posso lhes dar uma fórmula que os libertará – mas não é
assim. Eu posso ser a porta, mas vocês devem passar por ela e encontrar a
libertação que está além dela... A verdade chega como um ladrão – quando menos
se espera por ela. Gostaria de poder inventar uma nova língua; como não posso,
gostaria de destruir a velha fraseologia e antigos conceitos. Ninguém pode lhes
dar a libertação. Terão de encontrá-la dentro de si, mas porque eu a encontrei,
eu lhes mostrarei o caminho... Aquele que atingiu a libertação tornou-se um
instrutor. Cada um de vocês tem o poder de entrar na chama, de se tornarem a
própria chama... Porque eu estou aqui, se me tiverem em seus corações, eu lhes
darei a força para alcançá-la. A libertação não se destina aos poucos, aos
escolhidos, aos eleitos.
Jiddu Krishnamurti